Expectativas para as Taxas de Juros em 2025: Um Panorama Econômico

O cenário das taxas de juros para 2025 apresenta tendências distintas entre Brasil e Europa, com impactos significativos para consumidores e investidores. Este resumo analisa as perspectivas para os principais mercados financeiros no próximo ano.
Cenário Europeu: Ciclo de Cortes em Andamento

O Banco Central Europeu (BCE) iniciou 2025 mantendo a trajetória de redução das taxas de juros. Em março, o BCE realizou seu segundo corte do ano, reduzindo as taxas diretoras em 25 pontos base. Esta foi a quinta descida consecutiva e o sexto corte desde que o ciclo de alívio monetário começou em junho de 2024.

Com esta decisão, a taxa de facilidade permanente de depósitos caiu para 2,50%, a taxa de refinanciamento (que influencia a Euribor) para 2,65%, e a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez para 2,90%. Estas reduções têm efeito a partir de 12 de março de 2025.

As projeções dos especialistas do BCE indicam que a inflação global deve se situar em média em 2,3% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,0% em 2027. O processo desinflacionário está bem encaminhado, embora a revisão para cima da inflação em 2025 reflita uma dinâmica mais forte nos preços dos produtos energéticos.
Impactos para os Consumidores Europeus

A redução das taxas de juros na Europa traz consequências diretas para as famílias:

• Melhores condições nos novos créditos e alívio nas prestações de empréstimos a taxa variável
• Produtos de poupança e investimento podem se tornar menos vantajosos, especialmente aqueles cuja remuneração está ligada às taxas de referência, como depósitos a prazo e certificados de aforro
• As taxas Euribor, que influenciam o crédito à habitação, devem continuar em trajetória descendente, aliviando as prestações dos financiamentos imobiliários

Perspectivas para o Brasil

No Brasil, o cenário é diferente. Após um desempenho surpreendente da economia no primeiro semestre, especialistas projetam uma desaceleração na atividade econômica para o final do ano e para 2025.

Segundo economistas, o Banco Central brasileiro deve reiniciar um ciclo de aperto monetário, elevando gradualmente a taxa básica de juros (Selic) para manter a inflação na meta. Há previsões de que a Selic possa chegar a 12% no início de 2025, desacelerando o crescimento do PIB, que deve ficar em torno de 1,5% no próximo ano.

As expectativas do mercado indicam que a Selic chegará a aproximadamente 9% somente em 2025. Isso representa uma queda em relação aos patamares atuais, mas ainda assim um nível elevado quando comparado internacionalmente.

Fatores Estruturais das taxas de juro no Brasil

Especialistas apontam diversos fatores para os juros estruturalmente mais altos no Brasil:

• Perfil fiscal considerado ruim, com dívida pública e déficit elevados
• Prêmio de risco mais alto exigido pelo mercado para financiar a dívida pública
• Composição dos juros de mercado, que incluem não apenas a Selic, mas também a cunha fiscal, despesas administrativas, risco de inadimplência e margem de lucro dos bancos

Embora haja expectativa de queda gradual da Selic nos próximos anos, os especialistas são unânimes em afirmar que a taxa básica não deve retornar ao patamar de 2% visto durante a pandemia, a menos que ocorra uma catástrofe econômica que exija forte estímulo monetário.